Na atividade de transporte de cargas, por mais que esperemos sempre pelo melhor, sinistros podem ocorrer a qualquer momento, seja por acidentes rodoviários, avarias ou roubos. E a prudência diz que precisamos estar preparados para esses eventos. Por isso, é fundamental que o Transportador adote uma postura de protagonista, implementando processos eficazes e tomando decisões ágeis, de modo a preparar sua operação logística para enfrentar esses eventos adversos com tranquilidade.
Neste artigo, discutiremos a importância desse protagonismo na etapa de salvados, abordando como funciona sua gestão e a importância de manter as mercadorias em locais seguros.
O que são salvados?
Salvados referem-se às mercadorias que, após um sinistro, foram resgatadas em bom estado sendo, em alguns casos, recusadas pelo proprietário. Essa situação é comum tanto em apólices de acidentes quanto em apólices de roubo.
A partir do momento em que a mercadoria é considerada um salvado, ela passa por um processo de análise para identificar se ainda possui valor comercial ou não. Se sim, é importante que haja a formalização do proprietário da mercadoria quanto à autorização para comercialização.
A Gestão dos Salvados
- Documentação Necessária: Para iniciar o processo de gestão dos salvados, é imprescindível que o segurado apresente documentação adequada, como fotos, laudo do proprietário, além do documento de embarque. Essa documentação será fundamental para a avaliação da mercadoria e a possível cotação de venda.
- Cotação de Salvados: Empresas especializadas, tanto da própria seguradora quanto terceiras contratadas externamente, são responsáveis por realizar a cotação dos salvados. Elas possuem uma lista de possíveis compradores que frequentemente adquirem esse tipo de mercadoria.
- Caminhos para a Venda: Quando um comprador demonstra interesse na mercadoria salvada, existem três possíveis caminhos:
- Venda durante a regulação: A mercadoria é vendida antes que o processo de sinistro seja liquidado com a indenização do prejuízo. Desta forma, o comprador paga diretamente ao segurado e este valor é deduzido do valor final da indenização, realizada pela Cia. Seguradora. Ou seja, se a Seguradora tinha um prejuízo de R$100.000,00 para indenizar e a mercadoria resgatada foi vendida por R$10.000,00, o comprador pagará os R$10.000,00 para o segurado e a seguradora indenizará o restante, R$90.000,00.
- Venda após a indenização: O segurado recebe a indenização total do prejuízo pela seguradora e, após a finalização do processo, pode vender as mercadorias. Neste caso, o comprador efetua o pagamento diretamente para a Seguradora.
- Não venda: Caso o proprietário não autorize a comercialização das mercadorias resgatadas como salvados, é obrigatório que seja enviada a justificativa e a comprovação de destruição da mercadoria. A seguradora analisará a liberação, mediante apresentação de laudos e fotos.
- Cobertura de Destruição: É importante ressaltar que, caso o segurado tenha cobertura para destruição, a seguradora não abrirá cotação e liberará a destruição da mercadoria, que deverá ser realizada pelo proprietário. Para isso, é necessário um laudo com fotos que comprovem a destruição.
- Categorias que Não Podem Ser Consideradas como Salvados: Mercadorias como medicamentos, produtos com rótulos, alimentícios e qualquer item que possa apresentar riscos à saúde ou à vida não são elegíveis para serem considerados como salvados e precisam ser destruídos com a devida comprovação.
A Importância de Manter Mercadorias em Locais Seguros
Um dos aspectos mais críticos na gestão de salvados é a manutenção das mercadorias em locais seguros. Isso ajuda a prevenir danos adicionais e facilita o processo de avaliação. Quando as mercadorias são mantidas em condições adequadas, a possibilidade de recuperá-las e, eventualmente, vendê-las aumenta significativamente.
Conclusão
O protagonismo do segurado em estar preparado para imprevistos é fundamental na gestão de salvados. Compreender o que são salvados, como a seguradora os avalia e a importância da documentação correta faz toda a diferença ao enfrentar desafios operacionais. Além disso, manter as mercadorias em locais seguros, implementar processos ágeis e contar com um plano de gerenciamento de risco são práticas essenciais para que transportadores promovam maior segurança operacional e sustentabilidade financeira para o seu negócio.
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